Vesícula biliar

É possível viver sem vesícula?

Vanessa Lopes
Por Vanessa Lopes. Atualizado: 1 agosto 2019
É possível viver sem vesícula?

A vesícula biliar é um órgão do aparelho digestivo que, como qualquer outro órgão, pode desenvolver condições ou obstruir-se. É por isto que, muitas vezes, os médicos decidem removê-la para resolver o problema. Se lhe disseram que têm de lhe remover a vesícula, então é normal se perguntar se é possível viver sem vesícula. Claro que os médicos não lhe vão tirar nenhum órgão indispensável para a vida, mas para tirar todas as suas dúvidas no umCOMO vamos lhe explicar o que acontece quando não tem vesícula e as consequências de viver sem este órgão.

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Índice

  1. O que é a vesícula e como funciona
  2. Possíveis condições da vesícula
  3. Remoção da vesícula biliar
  4. Você pode viver sem vesícula?

O que é a vesícula e como funciona

A vesícula biliar é um órgão do aparelho digestivo que está situado debaixo do fígado. Tem uma forma de pera e mede entre 5 e 7 cm. Coneta-se com o intestino delgado ou duodeno através de um tubo chamado conduto biliar comum. No seu interior armazena bílis (tem uma capacidade de 50 ml), que é um líquido que o fígado produz e que serve para digerir as gorduras. O estômago e o intestino digerem os alimentos, neste momento a função da vesícula é liberar bílis através do conduto biliar comum, chegando assim ao intestino delgado para digerir as gorduras dos alimentos.

Por isso, a principal função da vesícula é armazenar e transportar a bílis ao intestino delgado para uma melhor digestão e absorção de gorduras. Além disso, através da bílis excretam-se o excesso de colesterol e desperdícios da hemoglobina como a bilirrubina.

É possível viver sem vesícula? - O que é a vesícula e como funciona

Possíveis condições da vesícula

Quando ingerimos comidas ricas em gorduras, a vesícula entra em funcionamento, no entanto um excesso de gordura pode provocar algumas condições no órgão como as que lhe descrevemos de seguida:

Cálculos biliares

É a condição mais comum da vesícula e pode provocar outras doenças. Quando há substâncias na bílis que se endurecem formam-se os cálculos biliares, embora também se possam formar devido ao colesterol. Estas formações podem obstruir o conduto comum e a vesícula e provocar um problema. Costuma ocorrer, sobretudo depois de uma refeição rica em gorduras ou se ingerimos demasiada gordura de repente. Os sintomas dos cálculos biliares são dor abdominal ou lombar, náuseas e vômitos. Os cálculos biliares são mais comuns nos adultos ou em pessoas com sobrepeso. O tratamento mais comum é a remoção da vesícula biliar.

Outras doenças que podem ocorrer a partir dos cálculos biliares são a colicistite aguda e a pancreatite por cálculos biliares.

Colicistite aguda

Trata-se de uma inflamação da parede da vesícula, normalmente causada por cálculos biliares, embora por vezes (raras as vezes) seja de origem bacteriana. Os sintomas são dores agudas, em forma de cólicas, na zona abdominal. A colicistite é bastante grave, pelo que requer a remoção da vesícula com urgência.

Pancreatite por cálculos biliares

Os cálculos biliares também podem obstruir o fluxo das enzimas digestivos do pâncreas uma vez que a vesícula e o pâncreas drenam pela mesma saída. Se o pâncreas não drenar corretamente as enzimas pode provocar uma inflamação no pâncreas devido aos cálculos biliares.

É possível viver sem vesícula? - Possíveis condições da vesícula

Remoção da vesícula biliar

A operação para extrair a vesícula chama-se colecistectomia. Pode-se realizar de duas formas, colecistectomia aberta ou através de laparoscopia, sendo esta última a mais comum nos dias de hoje:

Colecistectomia aberta

Leva-se a cabo usando anestesia geral. O cirurgião realiza uma incisão (de uns 12 a 17 cm) abaixo das costelas, na parte superior direita do abdômen. Para remover a vesícula o médico terá que cortar o conduto biliar e os vasos sanguíneos que chegam à vesícula biliar.

Também se pode realizar durante a cirurgia uma radiografia (colangiografia) para detetar a presença de cálculos e extraí-los também. ara isso, injeta-se uma tinta no conduto que ajuda a ver se há outros cálculos. A recuperação inclui hospitalização nos 3 a 5 dias seguintes.

Colecistectomia laparoscópica

Esta é a forma mais comum. Realiza-se utilizando um laparoscópio, um tubo fino e iluminado que permite ao médico ver o interior do abdômen. Para esta cirurgia também se utiliza anestesia geral. O cirurgião faz de 3 a 4 cortes pequenos no abdômen e introduz o laparoscópio através de um deles. Os outros servem para ir introduzindo o instrumento necessário. Para ver melhor dentro e expandir o espaço bombeia-se gás dentro do abdômen.

Remove-se a vesícula da mesma forma que na operação aberta mas utilizando o laparoscópio e os instrumentos através das incisões. Também se pode realizar uma radiografia durante a operação. O melhor deste tipo de cirurgia é que poderá ir para casa inclusive no mesmo dia da operação. A recuperação é mais cômoda e no momento que conseguir ingerir líquidos terá alta.

Você pode viver sem vesícula?

Com tudo o que já vimos podemos afirmar que, efetivamente pode se viver sem vesícula. Não é um órgão vital para o corpo, no entanto tem a sua função no organismo e viver sem vesícula vai mudar a sua qualidade de vida.

Ao viver sem vesícula, o mais provável é que já não digira as gorduras tão facilmente depois de lhe removerem a vesícula. É normal que ao sair do hospital o médico lhe recomende, pelo menos durante dois dias, uma dieta suave e sem picantes ou gorduras. Depois poderá fazer uma dieta normal, mas a absorção não será a mesmo pelo que se tentar comer uma comida rica em gorduras pode ser que o seu corpo não a consiga digerir bem e tenha diarreia, distensão abdominal e excesso de gás em forma de arrotos ou flatulência.

Algumas recomendações são fazer 5 refeições por dia, mas mais leves, de maneira a que ajudemos o fígado, intestinos e estômago a terem mais tempo para assimilar e absorver os alimentos. Também é recomendável beber muita água e, sobretudo seguir uma dieta saudável. Para isso, é bom comer frutas e legumes verdes. Deve evitar alimentos como carnes vermelhas, alimentos fritos, fast-food, embutidos, leite de vaca e derivados (como queijos e iogurtes), farinhas brancas e derivados (como biscoitos, cereais refinados ou pão branco) e açúcar refinado (açúcar branco).

Após a operação da vesícula pode acontecer o que se conhece como disfunção do esfíncter de Oddi. O esfíncter de Oddi é um músculo que rodeia os extremos dos condutos que conectam a vesícula, o fígado e o pâncreas ao intestino delgado. Abre-se para permitir que os sucos digestivos passem desde a vesícula, fígado e o pâncreas para o intestino delgado, e fecha-se para evitar que os sucos voltem para os condutos. Devido à cicatrização dos condutos na operação à vesícula, pode provocar espasmos no esfíncter fazendo com que se abra e se feche quando não deve.

Se depois da operação tiver sintomas como dor abdominal, parecido à que tinha antes da operação, é recomendável consultar o médico. Normalmente pode ser tratada com analgésicos a não ser que seja muito grave.

Este artigo é meramente informativo, no umCOMO não temos capacidade de receitar nenhum tratamento médico nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Convidamos você a recorrer a um médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Suely ventura de Almeida
Estou com pedra na vesícula ainda não fiz cirurgia. Estou na espera. Com crise faz cirurgia
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