7 perguntas sobre o aborto
O aborto é um tema bastante atual e por isso, é fundamental entender os significados e as algumas questões polêmicas acerca do assunto, como por exemplo: qual a relação entre religião e aborto? Por que uma mulher decide abortar? Sabendo disso, você conseguirá ter uma visão mais ampla e saber mais sobre este tema que esta muito em pauta. Para saber mais perguntas e respostas sobre aborto, continue lendo este artigo do umCOMO!
1. O que significa aborto?
Antes de qualquer coisa, é importante saber com clareza o que significa aborto. No dicionário podemos encontrar alguns significados relacionados a palavra aborto: interrupção voluntária ou provocada de uma gravidez. Juridicamente pode ser entendido como: interrupção provocada da gestação e, consequentemente a morte do feto. Na medicina, o aborto é entendido como: interrupção voluntária ou involuntária do processo de gestação, causando a expulsão do feto antes que este possa viver fora do útero. E no sentido figurado, pode ser usado para algo que não deu certo, que falhou. É importante compreender não só o significado da palavra mas também as situações que o rodeia, desta forma, consegue entender melhor o porquê de existem tantas perguntas polêmicas acerca do tema.
2. Como funciona a questão legal do aborto?
O Código Penal Brasileiro criminaliza o aborto, isto significa que, 1 a 3 anos de prisão para as mulheres que provoquem ou consentirem com o procedimento e de até 4 anos para terceiros que se envolverem no procedimento de aborto. Existem apenas 3 exceções legais em que é permitem o aborto: se a gravidez apresentar risco de vida para a mulher, se a mulher tiver sido abusada sexualmente e se o feto tiver má formação cerebral.
3. Religião e a aborto, qual a relação?
Tendo em vista que a maior parte da população brasileira tem uma educação social e moral baseada nas crenças católicas, sendo um dos países com mais fiéis do mundo[1] muitos brasileiros acreditam que o aborto é uma prática reprovável, por pensarem que a vida começa no momento da fecundação e se, a mulher interromper este processo, estará acabando com uma vida e portanto, quebrando com um dos mandamentos da bíblia.
4. Biologia e o aborto, qual a relação?
A gravidez é um ciclo que passa por várias fases de evolução, em cada uma delas, mais um "degrau" é atingido até o momento final do nascimento do bebê. Na biologia o embrião apenas começa a ser considerado um feto a partir da nona semana de gravidez e, nesta fase, ainda não tem o seu sistema cerebral formado e portanto, não sente dor.
Leitura complementar: Qual a diferença entre embrião e feto?
5. Por que uma mulher decide abortar?
Considerando a situação social e econômica do Brasil e de uma maioria populacional que não tem condições básicas de qualidade[2] como: educação, saúde, segurança... Condições estas, que estão totalmente conectadas. Imagine uma mulher, que não teve uma boa educação básica e portanto, desconhece métodos contraceptivos, que engravida, já tem filhos, não tem condições boas econômicas de sustentar mais uma criança e ainda tem um Estado que não lhe assegura estas condições dignas de vida, nem a ela, nem aos filhos que já tem, nem a um futuro bebê.
Sabemos que a maioria da população brasileira se enquadra nesta situação. Segundo a especialista em direito penal, dra. Patrícia Vanzolli, em entrevista à Universa[3]: "A legislação que proíbe o aborto não o impede de acontecer. Ela só mata mulheres pobres, negras. As ricas abortam em segurança. É uma lei extremamente cruel que não protege nada..."
Quando uma mulher toma a decisão de abortar, seja pelo motivo que for, existe toda uma questão física e emocional envolvendo a vida desta mulher que decidiu não seguir com a gravidez.
Em geral, quando o procedimento é salvaguardado pela lei, é feito com remédios abortivos que induzem a interrupção voluntária da gravidez, é acompanhada por um grupo de médicos especializados. Em casos de complicações, algumas vezes a mulher pode ter que terminar o procedimento no hospital. Existem também inúmeras clínicas clandestinas com métodos extremamente perigosos e abusivos, que colocam em perigo a vida da mulher. Comumente, as mulheres que buscam estas clínicas e tem algum tipo de complicações, não buscam ajuda de médicos por medo de serem descobertas e, na maioria dos casos, acabam por falecer.
6. Quem pode descriminalizar o aborto?
Os políticos são os representantes do povo e com eles está o poder de mudar leis e melhor as condições da população. Com relação ao aborto, existem muitas opiniões divergentes acerca do tema. Por um lado, uns prezam pela vida manutenção das leis vigentes, por outro lado, prezam pelos direitos fundamentais da mulher, de dignidade, igualdade, liberdade e segurança. Estão em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal) propostas para a descriminalização do aborto até a 12 semana de gravidez, mas, até a data, não chegaram a nenhuma mudança efetiva e legal.
Se quiser saber mais sobre como funciona o aborto no Brasil, aconselhamos a leitura deste artigo.
7. Fatos polêmicos sobre o aborto
Estes são alguns números impactantes sobre o aborto:
- Uma em cada cinco mulheres alfabetizadas nas áreas urbanas do Brasil já fez pelo menos um aborto.[4]
- Cerca de metade das mulheres que já realizaram abortou precisou ser internada e foram gastos mais de 140 milhões de reais para finalizar procedimento.
- Mais de 70% das mulheres que já abortaram são casadas, tem filhos e declaram ter uma religião.
- 80% dos países desenvolvidos descriminalizam o aborto enquanto que mais de 90% dos abortos clandestinos acontecem nos países em desenvolvimento.
- 10 anos depois da descriminalização do aborto em Portugal, uma pesquisa da ONG Planamento da Família relatou que o número de abortos esta em constante queda e a morte decorrente desta prática tornou-se quase nula.
- A organização mundial de saúde já relatou que nos países em que o aborto é proibido o número de procedimentos não é menor que nos países em o aborto é permitido.
8. Quais os principais métodos contraceptivos
Uma população bem informada lida melhor com as questões do dia a dia e por isso, deixamos aqui uma lista dos métodos contraceptivos mais comuns:
- Camisinha é o método mais comum, barato e fácil de encontrar, você pode pedir de graça em qualquer posto de saúde. Além de ser 98% eficaz, não traz qualquer efeito colateral e evita a transmissão de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis). Se não souber como utilizar, veja a indicação na embalagem.
- Pílula anticoncepcional. Este é um método que antes de ser iniciado deve ser acompanhado por um ginecologista porque pode causar efeitos colaterais. Consiste na ingestão de pílulas diárias que manipulam os hormônios, estrógeno e progesterona, do corpo fazendo com que a mulher não ovule.
- DIU (dispositivo intrauterino). É introduzido no útero da mulher e impede a vida do espermatozoide por causar uma pequena inflamação uterina causada pelo diu. Assim como a pílula, o este método deve acompanhado por um médico. O seu prazo é de 5 anos.
- Anel vaginal. Pode ser introduzido pela própria mulher, como se fosse um absorvente interno. Libera hormônios ao longo do mês evitando assim, que a mulher ovule. Deve permanecer com o anel durante 3 semanas e então tira-lo para menstruar.
- Se você tiver uma menstruação regular, pode tentar utilizar o método natural de tabelinha. Consiste nos cálculos de quando possivelmente é o seu período fértil. Por exemplo, se você tem um ciclo regular de 28 dias, conte 14 dias depois de quando veio a sua última menstruação e então, seu período de ovulação será 3 dias antes ou depois desta data. Mas tenha atenção! o corpo da mulher esta em constantes mudanças e os ciclos podem variar de acordo com uma série de situações.
Este artigo é meramente informativo, no umCOMO não temos capacidade de receitar nenhum tratamento médico nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Convidamos você a recorrer a um médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-ibge-e-a-religiao-cristaos-sao-86-8-do-brasil-catolicos-caem-para-64-6-evangelicos-ja-sao-22-2/;
- https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/30/Como-est%C3%A1-a-desigualdade-de-renda-no-Brasil-segundo-o-IBGE;
- https://universa.uol.com.br/especiais/aborto-x-religiao/index.htm#aborto-e-religiao;
- https://www.apublica.org/wp-content/uploads/2013/09/PNA.pdf;